O que seria o abandono e a docilidade para o cristão?

Um exercício da nossa liberdade

Há momentos em nossa vida que nem nós mesmos entendemos, porque os acontecimentos fogem de nossa compreensão e não param para nos dar explicações. Daí, só nos resta abandonarmos nos braços de Deus e deixarmo-nos ser carregados por Ele.

Docilidade
A docilidade ameniza o sofrimento e traz paz a alma. Sim, mas o que é docilidade, o que é realmente abandono em Deus? Seria entregar os pontos, abrir mão de nossas vontades e ver a vida passar ou passar com a vida? Não. É diferente!

Diferente porque Deus não nos fez robôs ou marionetes. Ele nos fez livres e, portanto, não somos obrigados a nada, a menos que nossa própria consciência, prisioneira de nosso egoísmo, nos obrigue. Ou seja, perdemos a liberdade que temos quando nós mesmos nos tornamos prisioneiros das nossas vontades e deixamos o egoísmo vencer. Fora isso somos livres sim, livres para correspondermos ou não ao plano de Deus.

Abandono
Sabendo que só seremos realmente felizes dentro da vontade de Deus. Só resta, portanto, abandonarmo-nos com docilidade a cada dia e irmos dizendo sim. Muitas vezes como Maria – sem entender “como se dará isso”, mas acreditando, dando os passos. Abraçar o desafio proposto pelo padre Jonas em uma de suas pregações: ‘Caminhar como se víssemos o invisível’.

Outro dia, enquanto contemplava o mar, Deus me falava muito de abandono e docilidade. Era um fim de tarde, o mar estava agitado e um barco era levado pelo vento e pelas ondas ora para lá, ora para cá, e mesmo assim seguia sempre em frente.

Fiquei parada diante daquela cena maravilhosa por um bom tempo, enquanto Deus me falava que docilidade e abandono são por aí: o barco não seguia reto e tranquilo, na direção desejada. Ao contrário, era o agito das ondas e do vento que o impulsionava para frente.

Assim também acontece comigo, quando me abandono nos planos de Deus para minha vida: vou sendo impulsionada pelos altos e baixos, pelos ventos e pelas ondas, mas não estaciono, não resisto, vou na direção que Deus me leva, pois sei que lá mesmo, ainda que desconhecido, é o meu ‘Porto Seguro’.

Dijanira Silva
Missionária da Comunidade Canção Nova.