Condecoração pelos méritos? Ou graça gratuita?

Neste 25º Domingo do Tempo Comum meditemos na Liturgia da Palavra que nos faz recordar o amor gratuito de Deus por cada um de nós e a sua infinita misericórdia.

1ª Leitura | Isaías 55, 6-9

Salmo 144(145) | O Senhor está perto de quantos O invocam.

2ª Leitura | Filipenses 1, 20c-24.27a

Evangelho | Mateus 20, 1-16a

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Enche-nos o coração de consolação e esperança esta apresentação que o profeta Isaías faz de Deus. Tem sempre compaixão de nós e “é generoso em perdoar”. Precisamos de corrigir a nossa imagem de Deus, pois muitas vezes O projectamos segundo as nossas limitações de amar. Recordemos um apelo do Papa Francisco: “Como é belo o olhar de Jesus posto sobre nós! Quanta ternura! Não percamos jamais a confiança na paciente misericórdia de Deus”.

São Paulo assim resume o seu ideal de vida: “ Para mim viver é Cristo”. É o ideal de todo o cristão, que deve seguir a pessoa de Jesus e imitá-Lo em tudo. O que Jesus faria hoje, em meu lugar, nas condições concretas da minha vida atual, é exatamente o que eu devo procurar fazer. O cristão é, deve ser sempre mais, outro Cristo. Ele deve ser o protagonista da nossa vida, na linha do que também o apóstolo Paulo nos recorda: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”.

A parábola que Jesus conta parece desconcertante. O proprietário da vinha, que contratou operários a diversas horas do dia, deu igual paga aos que chegaram de manhã cedo e aos que só começaram a trabalhar ao entardecer. Mas importa sublinhar que os que vieram por último não foi por se subtraírem ao trabalho, mas por ninguém os ter contratado antes. Além disso, a retribuição acertada de um denário para os que chegaram cedo era uma medida claramente generosa.

Cristo faz uma crítica ao que poderíamos chamar a religião dos méritos, dos que pensam conquistar as graças de Deus, e finalmente o Céu, por merecimento próprios. As contas que Deus faz são de uma generosidade desconcertante, superabundante, mesmo para os que, por circunstâncias e motivos diversos, não puderam chegar cedo. Os últimos a chegar à vinha do Senhor podem ser os primeiros. É maravilhoso o poder de Deus para recuperar os últimos. O amor que Deus nos tem não é uma condecoração pelos nossos méritos e virtudes, mas pura graça gratuita, exageradamente desproporcionada aos nossos merecimentos.