Cardeal-patriarca diz que tolerância de ponto respeita sensibilidade da maioria da população

O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, afirmou que a concessão de tolerância de ponto pelo Governo, a 12 de maio, por ocasião da visita do Papa, responde à “sensibilidade” maioritária da população no país.

“Se o Governo entende que isto interessa e interessa positivamente a tão grande número portugueses e habitantes do território, também compreendo a lógica de fazer tolerância de ponto, porque o Estado é um órgão da sociedade, não é algo que imponha ou uma ideologia ou a falta dela, ou outra contrária, respeita aquilo que é a sociedade”, disse o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) na conferência de imprensa conclusiva da Assembleia Plenária que decorreu desde segunda-feira, em Fátima.

Para D. Manuel Clemente, a celebração do Centenário das Aparições e a visita do Papa Francisco, a 12 e 13 de maio, são questões que “interessam positivamente” a grande número de portugueses.

“Se tão grande parte da população portuguesa, mesmo para além dos horizontes estritos da crença, olha para o Centenário de Fátima, olha para a visita do Papa Francisco com tanto interesse, é natural que o Governo corresponda a esse interesse”, sublinhou o cardeal-patriarca.

O presidente da CEP referiu aos jornalistas que esta é uma “decisão estritamente governamental”, sem qualquer pedido formal da Conferência Episcopal ou do bispo da Diocese de Leiria-Fátima.

D. Manuel Clemente foi questionado sobre as reações negativas que surgiram face à eventualidade de uma tolerância de ponto, assinalando que está em causa o “respeito pela vontade e a sensibilidade” da maioria da população.

“Como cidadãos que somos, compartilhamos aquilo que é o sentimento de grande parte da população portuguesa” em relação ao Centenário de Fátima e à vinda do Papa Francisco, observou, acontecimentos que geram interesse para lá das fronteiras da Igreja Católica.

“O Estado é um órgão ao serviço do bem comum, não inventa a sociedade, serve-a”, prosseguiu.

D. Manuel Clemente referiu que, além da possibilidade de viajar até Fátima, uma tolerância de ponto permitiria que as pessoas tenham “disponibilidade” para seguir a visita do Papa, mesmo através dos meios de comunicação social.

Para o presidente da CEP, mais do que uma visita ao “país”, Francisco vem fazer uma “viagem muito particular” a Portugal.

“O Papa vem aqui fazer estritamente uma peregrinação a Fátima, foi sempre o que ele nos disse”, precisou.

Francisco será o quarto Papa a visitar Fátima, a 12 e 13 de maio, canonizando os dois pastorinhos Jacinta e Francisco, no Centenário das Aparições.

D. Manuel Clemente espera que esta viagem ajude a centrar atenções no que “aconteceu há 100 anos, o testemunho das crianças que a Igreja respeita tanto que até as canoniza”, para que a Mensagem de Fátima seja cada vez mais “compreendida”.

“Que com esta visita do Papa Francisco nos unamos mais a ele na sua vontade de ser um rosto muito concreto da misericórdia de Deus neste mundo”, apelou, convidando as comunidades católicas a “estar ao lado” de quem sofre.

Fonte:Agência Ecclesia