Três pontos para um relacionamento virtuoso

Para um relacionamento virtuoso com as pessoas, é necessário exercer o bem. É próprio do ser humano a fraternidade e o viver próximo com os irmãos e irmãs, que na bondade gera uma mútua edificação.

O que é a virtude? “É uma disposição habitual e firme para fazer o bem. Permite à pessoa não só praticar atos bons, mas dar o melhor de si. Com todas as suas forças sensíveis e espirituais, a pessoa virtuosa tende ao bem, procura-o e escolhe-o na prática” (Catecismo da Igreja Católica 1803).

O que é relacionar-se? É estabelecer relação, vínculo, ligação com pessoas na arte de conviver, é inter-relacionar-se. Pois, “a pessoa humana tem necessidade de vida social. […] Mediante o intercâmbio com os outros, a reciprocidade dos serviços e o diálogo com seus irmãos, o homem desenvolve as próprias virtualidades” (CIC 1879).

Vejamos três pontos para um relacionamento virtuoso:

1 – Ser bom

Hoje, parece que a palavra “bondade” tomou uma conotação pejorativa, que indica alguém frágil, inocente, bobo e até ignorante. Porém, ser bondoso é estar diretamente ligado à vivência da virtude, da busca de ser e fazer o bem, porque isso realiza o homem. É procurar usar sempre das capacidades humanas para o bem do próximo e da sociedade; é ter em conta que “a cada um é dada a manifestação do Espírito, em vista do bem de todos” (1 Coríntios 12,7), já que o bem realizado e vivido não é somente um esforço humano, mas também um auxílio indispensável do Espírito Santo de Deus.

No relacionamento com o outro, seja familiar, matrimonial, entre amigos ou colegas, desconhecidos e os do cotidiano da vida, existe uma necessidade atual de atingir a excelência humana, que é a virtude, que se dá a partir dos hábitos bons, pois a prática da bondade é a necessidade que contrapõe toda espécie de maldade entre as pessoas.

Jesus, após o Sermão da Montanha e depois de contar algumas parábolas, reflete sobre a bondade ou a maldade, que pode estar no coração do homem. Ele diz: “Quem é bom tira coisas boas do tesouro do seu coração, que é bom; mas quem é mau tira coisas más do seu tesouro, que é mau” (Lucas 6,45).

Assim é a habilidade de atos bons, que torna o homem bom, dando-lhe condições de fazer o melhor uso possível de sua liberdade, com o intuito de colocar em ordem harmoniosa seu interior no caminho das bem-aventuranças. O método é adquirir a virtude pela repetição dos atos por meio dos relacionamentos orientados pelo bem.

2 – Fazer o bem

Nos relacionamentos frequentes e diários que todos vivem, é natural tomar decisões a todo momento. Entre as resoluções possíveis, tem-se duas opções: fazer o “bem” ou o “mal”. Nisso, a máxima para um relacionamento virtuoso é o que diz Santo Agostinho (século IV) e também São Tomás de Aquino (século XIII): “evitai o mal e fazei o bem”.

Querer praticar o bem é algo nobre, entretanto, a limitação humana proveniente da corrupção causada pelo pecado faz com que, nos relacionamentos, tenhamos uma imensa dificuldade de fazer o bem, principalmente aos que não temos afeição ou proximidade.

O Evangelho perante essa nossa fraqueza exorta que “se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que generosidade é essa? Os pecadores também agem assim” (Lucas 6, 33). Isso engloba da mesma forma o “falai bem dos que falam mal de vós e orai por aqueles que vos caluniam” (Lucas 6, 28). Porque fazer o bem exige conversão e empenho.

Dessa forma, para ser virtuoso em todos os relacionamentos, sem acepção de pessoas, o ensinamento de Jesus é preciso: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem e prestai ajuda sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande” (Lucas 6,35). É, portanto, amar gratuitamente sem impor condições nem reservas.

3 – Ser virtuoso

Nos relacionamentos interpessoais, precisa-se ter como base a prática da virtude, para que, em todos os contextos e dimensões da vida humana, prevaleça o bem. “Assim como desejais que os outros vos tratem, tratai-os do mesmo modo” (Lucas 6,31). Pois o próximo é fundamental para o exercício e crescimento na virtude.

Ser virtuoso ao conviver com os outros é fazer o processo de crescimento espiritual, humano e psíquico por meio da vivência das virtudes, descartando o que é empecilho para chegar à felicidade. Caminho que se dá a partir do descobrir novos “atos bons”, que podem se transformar em “hábitos bons” e, consequentemente, no desenvolvimento das virtudes humanas e teologais.

A virtude é o oposto do vício, já dizia São Tomás de Aquino na Suma Teológica. E aqueles que procuram observar e praticar as virtudes, já nesta terra, começam a contemplar a alegria e a paz, que terá como seu fim último a felicidade eterna ou a beatitude.

Portanto, precisamos sempre deixar Deus permanecer no centro de todos os nossos relacionamentos, para que sejam virtuosos não só por nossos esforços humanos, mas também pela graça d’Ele, que nos conduz no caminho da perfeição rumo ao Céu. Assim, nos relacionamentos virtuosos, compreende-se que “o objeto da vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus” (CIC 1803).

Fonte: formacao.cancaonova.com