E estamos na terceira semana do Advento, quase, quase a chegar ao Natal. Se ainda não parou para fazer uma reflexão sobre este tema e este tempo, então está na altura.
O Advento é um tempo propício ao recolhimento e reflexão. É um tempo que devemos aproveitar para apurarmos a nossa visão espiritual e enraizarmos a nossa esperança em Deus.
Um tempo oportuno para pensarmos na nossa vida, nos nossos objetivos, nos sonhos que ainda temos, nos projectos que já realizámos e podermos perceber o sentido de tudo isso. Estou a conseguir os objectivos que me propus? Desviei-me do meu caminho inicial? Deixo ser Deus a guiar a minha vida?
Precisamos de tempo para nos recolhermos, interiormente, e refletir sobre a nossa vida, as nossas atitudes. Não é por acaso, que o Advento não é só um dia, são as quatro semanas antes do Natal e, em cada Domingo do Advento, acende-se uma nova vela. Para tudo é necessário tempo e neste caso são quatro semanas, com metas semanais de conquistas e reflexões. Também, na nossa vida, precisamos ter metas e refletir as nossas ações, não podemos precipitar-nos, pois o mais certo é errar.
Advento em latim “adventus” significa “chegada”. Nós esperamos a chegada do menino Jesus. Mas Ele já nasceu em Belém há muito tempo, porque é que ainda hoje festejamos essa chegada? Porque Deus fez-se humano em Jesus para salvar a humanidade. Ele não veio ao mundo só para salvar as pessoas daquela época, Ele veio para nos salvar, a nós, hoje, também, e Ele quer fazer-se presente, na nossa vida, todos os dias.
Por isso Advento é, da mesma forma, tempo de esperança, de renovar a centelha de uma vida nova, diferente, com sentido, não podemos perder a esperança.
A esperança, de acordo com alguns estudos da psicologia positiva (1), não indica passividade, não é uma espera vã, uma resignação, ou só uma emoção boa, é, antes, acreditar, ação, motivação, e envolve a vontade, perseverança e formas de concretizar a ação. Portanto, não é uma espera passiva, mas uma espera ativa, uma espera que nos move interiormente a pensar, programar, criar estratégias, agir. Quando trazemos este construto para o campo da Fé, então a esperança tem um significado acrescido e cheio de sentido, onde o impossível passa a ser possível e a oração é o combustível, inesgotável, dessa esperança.
Desta forma, quando não conseguimos ver solução para os nossos problemas, quando só vemos rochas grandes no nosso caminho, quando tudo está escuro… se aliarmos a esperança à Fé, então, brilham as luzes da presença de Deus, no nosso caminho, e tudo ganha sentido, nasce em nós um fogo, que nos impulsiona a confiar e a dar passos na Fé.
Pare um pouco, faça uma reflexão sobre estas palavras e aproveite, este tempo de preparação, para o Natal, para sair da escuridão dos “porquês” e “comos” da vida e centre-se na Luz do nosso “para quê”: Deus e a vida eterna!
(1) Snyder, Irving & Anderson, 1991, 1996;
Ver artigo anterior:
As flores e a esperança
- Primeiro dia do funeral marcado pela trasladação do corpo de Bento XVI para a Basílica de S. Pedro - 3 de Janeiro, 2023
- Legado teológico de Bento XVI está a ser traduzido para português - 3 de Janeiro, 2023
- Canonista explica protocolo do funeral de Bento XVI - 2 de Janeiro, 2023