Caros irmãos bispos
A atual situação de pandemia, da consequente emergência sanitária e das circunstâncias inéditas em que somos chamados a viver e celebrar esta Páscoa de 2020 leva-nos a enviar-vos, em nome da presidência da CEP, uma breve mensagem de comunhão fraterna e eclesial, como meio e modo de partilhar a fadiga e a solidariedade no nosso ministério, acompanhando também a dor, a aflição e os medos do nosso povo.
As atuais restrições impostas no respeito pelo bem da saúde pública obrigam-nos a celebrar o mistério pascal em condições limitadas, sem nos podermos reunir com os sacerdotes e demais fiéis. Todavia, estas circunstâncias poderão levar-nos a unirmo-nos mais profundamente ao Senhor na sua paixão, morte e ressurreição e a oferecermos, juntamente com os nossos sacerdotes, este acrescido sacrifício por todo o santo povo de Deus e pela humanidade oprimida pelo flagelo da pandemia.
Servem-nos de grande conforto e incentivo as palavras do Papa Francisco que, na recente “oração pela humanidade”, disse: “No meio deste isolamento que nos faz padecer a limitação de afetos e encontros e experimentar a falta de tantas coisas, ouçamos mais uma vez o anúncio que nos salva: Ele ressuscitou e vive ao nosso lado. Da sua cruz, o Senhor desafia-nos a encontrar a vida que nos espera, a olhar para aqueles que nos reclamam, a reforçar, reconhecer e incentivar a graça que mora em nós. Não apaguemos a mecha que ainda fumega (cf. Is 42, 3), que nunca adoece, e deixemos que reacenda a esperança.”
As celebrações pascais deste ano não podem deixar de incluir nelas o sofrimento e as aflições de quantos são vítimas da atual pandemia. Ao mesmo tempo, o mistério pascal faz brotar luz sobre os tempos atuais, convidando a viver o amor mútuo, a compaixão e solidariedade entre todos os homens e mulheres e os respetivos povos. O Senhor Jesus, que oferece a sua vida na morte, ressuscita para oferecer a todos uma nova vida, confiança e alegria. Todos nós, bispos, nos sentimos muito unidos como “membros uns dos outros” em Cristo, Bom Pastor, e em compaixão com o nosso povo. Saibamos estar próximos e sermos portadores da misericórdia, da paz e da esperança do Senhor ressuscitado para as nossas comunidades e para a sociedade.
Apesar de ser doloroso este tempo de ausência das celebrações comunitárias, ele tem sido fecundo na criatividade e no uso das novas tecnologias para a evangelização, para a espiritualidade e para ser Igreja comunidade e Igreja em saída. Este é também um tempo para pensar, dialogar, imaginar e projetar novo futuro, por exemplo: como viver este tempo para que seja gerador de um estilo de Igreja, renovado e fiel ao Evangelho? Como fazer surgir perspetivas fecundas que reforcem também o empenho eclesial contra a pobreza e a grande crise socioeconómica que se avizinha?
Saudamos fraternalmente a todos e cada um de vós, desejando-vos uma santa Páscoa vivida com fé renovada, paz e esperança.
Um abraço fraterno dos vossos irmãos,
† Manuel Clemente, Presidente da CEP
† António Marto, Vice-Presidente da CEP
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