As palavras têm poder e mostram o coração

As palavras são um dos mais excelentes dons que Deus nos deu; alguém já disse que elas são mais poderosas que os canhões. De fato, um canhão pode ser aprisionado, mas aprisionar a palavra não será possível. Como tudo o que Deus fez, também a palavra é bela, construtora do bem e da paz, ela encanta os corações e as mentes; contudo, mal empregada pode ser muito destruidora.

Por meio da palavra, geramos grandes amizades, elevamos o ânimo abatido do irmão que sofre e despertamos forças adormecidas, mas também podemos destruir a honra e a imagem do outro, sufocá-lo até a asfixia de suas forças e gerar a guerra.

As palavras mostram o coração
É incrível o poder da palavra! Ela leva consigo o próprio espírito e poder da pessoa que a comunica. Jesus disse que “a boca fala daquilo que está cheio o coração” (Lc 6,45).

Se você só pensa em política, você fala de política. Se você só pensa em dinheiro e em negócios, você também só fala de dinheiro e negócios. Se você pensa em Deus, gosta de falar d’Ele, e assim por diante.

As palavras mostram o coração. Pela palavra, Jesus curou cegos e leprosos, expulsou demônios, multiplicou pães, acalmou os ventos e o mar, ressuscitou mortos, amaldiçoou a figueira estéril (cf. Mc 11,14). Também nossas palavras poderão fazer milagres de alegria ou de dor, conforme esteja o nosso coração.

Mais uma vez, portanto, é preciso insistir na mudança do coração e na sua conversão segundo a lei de Deus, porque: “É do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraude, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e loucura” (Mc 7, 21).

Sem dúvida, a palavra má é destruidora. Destrói o irmão, machuca o seu ser, fere a sua sensibilidade, julga, condena e difama sem piedade, inescrupulosamente. Por isso, Jesus nos proibiu terminantemente de julgar alguém. “Não julgueis para que não sejais julgados, pois com a mesma medida com que medirdes sereis medidos” (Mt 7,1-2).

Está claro: quem quiser acolher a misericórdia de Deus e não ser julgado por Ele, não poderá julgar o outro. Quem julga o outro aborrece Deus, porque, julgando-o e condenando-o, no fundo acha-se melhor que ele.

É preciso prudência no falar
É um ato de orgulho e soberba que ofende Deus, Pai de todos. É conhecida a história daquela mulher que foi se confessar e disse ao padre que tinha difamado uma amiga, falando mal dela às outras.

Após o perdão, o sacerdote deu-lhe como reparação dos pecados soltar do alto da torre da igreja um saco cheio de penas. Após cumprir a penitência, a mulher foi comunicar ao sacerdote, que lhe disse: agora, a senhora vai juntar todas as penas que o vento levou.

Assim como é impossível juntar todas essas penas, é quase impossível restaurar os efeitos destruidores da calúnia, da fofoca e dos julgamentos indevidos.

Vale a pena meditar: a língua é um pequeno membro, mas pode se gloriar de grandes coisas. Uma pequena chama pode incendiar uma floresta. Quem fala o que não deve acaba escutando o que não quer. Sejamos prudentes no falar e dispostos a muito ouvir.

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino