Por que, na vida de muitas mulheres, a palavra “carência” as acompanha durante toda a vida adulta e, muitas vezes, até na velhice?
A palavra “carência” é por nós conhecida desde muito cedo, quando começamos a aprender a lidar com nossos sentimentos e emoções.
Por que muitas mulheres chegam ao apogeu da vida sem nunca terem conseguido lidar, de forma eficaz, com suas carências? Será que estas são reflexo da falta de amor dos pais na infância? Seriam elas fruto de algum trauma vivido ou consequência de algum tipo de abandono sofrido? Muitas aqui poderiam ser as respostas.
Temos diversas fontes de afeto que não são reconhecidas, pois nossa cultura quase sempre nos cobra que estejamos namorando ou casados; apesar de esta não ser uma garantia para a plenitude afetiva. Por conta dessa crença, ficamos menos seletivas e acabamos entrando em relacionamentos que, algumas vezes, são transformados em sofrimentos quando acabam os encantos.
Percebemos que muitas mulheres são carentes de carinho, de atenção, envolvimento e reconhecimento; enfim, são carentes de amor. Mas um fato que nos chama à atenção é que em algumas mulheres a carência pode ultrapassar um limite saudável.
Mulheres que exigem atenção o tempo todo, que nunca estão satisfeitas, sempre se queixando e cobrando demais, mulheres que são ciumentas e possessivas podem realmente conseguir afastar muitas pessoas de perto delas e atrair para si aquilo que menos desejam: a indiferença e a frieza. A impressão que passam é que nada do que se faça é o bastante para que se sintam amadas e satisfeitas, vivem envolvidas em carência total, reclamando manifestações carinhosas. Mulheres assim podem acabar sendo tidas por chatas, enfadonhas e inconvenientes.
Para aprendermos a lidar com nossas carências de uma forma equilibrada e saudável, precisamos, antes de tudo, aprender a lidar com nosso psiquismo e amar a nós mesmas com equilíbrio.
Aqui vão algumas dicas que podem nos ajudar:
1) Coloque sua vida diante de Deus, peça a ajuda e a presença d’Ele neste caminho de autoconhecimento. Conte sua história para si mesma e para o Senhor, peça que o Espírito Santo lhe revele as raízes de suas carências.
2) Espere menos das pessoas. Lembre-se de que ninguém é responsável por preencher todas as suas necessidades de afeto e atenção. Portanto, não deposite uma expectativa exagerada sobre os outros, porque eles não podem corresponder. Faça por você mesma o que gostaria que os outros lhe fizessem, em vez de esperar isso delas. Dê-se atenção, presentei-se, gaste um tempo só para si mesma.
3) Cultive sua autoestima. Faça coisas boas para si mesma, procure envolver-se em atividades nas quais você se sinta bem. Valorize esses momentos. Procure ter uma vida saudável e equilibrada. Cuide bem de sua mente com boas leituras, cuide de seu corpo com atividades físicas, alimentação saudável e boas horas de sono.
4) Cultive amizades saudáveis e procure estar perto daqueles que ama, de sua família e de pessoas que você sabe que lhe querem bem. Se você sente que deposita muito sua necessidade de afeto em uma única pessoa, procure alimentar e cultivar outros relacionamentos. Existem muitas outras relações que podem suprir nossas carências além do namoro ou do casamento.
5) Veja os demais setores da sua vida, valorize suas conquistas e suas vitórias, não deixe que sua psique se comprima em apenas um aspecto da realidade, naquilo que lhe falta ou nas perdas vividas. Dê valor às coisas boas que você faz, sobretudo às suas qualidades.
6) Viva o momento presente, viva o aqui e o agora. Você alimenta carências quando fica presa a um passado que não volta mais ou projeta um futuro que ainda é incerto. Lembre-se de que a maior dádiva que você tem é o momento presente, portanto, procure se envolver com aquilo que está fazendo e vivendo hoje.
7) Cultive a esperança, tenha sempre novos projetos em mente, seja na área profissional, no lazer, num novo curso ou num hobbie. Não deixe de sonhar e acreditar, mas tenha sempre os pés fincados no chão.
8) Busque ajuda profissional se julgar necessário, antes que a carência possa levá-la à depressão ou à falta de sentido na vida. Aprenda a identificar os vazios e as angústias, falar sobre situações e sentimentos difíceis com a ajuda de um profissional capacitado para ajudá-lo a traçar caminhos para sua recuperação emocional.
9) Não tenha medo da solidão. Aprenda a fazer coisas boas e agradáveis em sua própria companhia, descubra a alegria de estar com si mesma e a solidão deixará de ser tão temida e desagradável. E nunca se esqueça de que Jesus caminha com você em todos os momentos, especialmente naqueles onde se sente mais só.
10) Por fim, alimente e cultive sua vida espiritual, eduque sua vontade, busque o equilíbrio e o autodomínio sobre suas emoções e seus sentimentos. Não permita que suas carências e seus desafetos o dominem. Saiba que sentimentos nem sempre você pode escolher, mas o que vai fazer com eles é você quem decide; experimentar isso é poder experimentar a liberdade de viver guiada pelo Espírito.
Judith Dipp
Formada em Psicologia, Judith foi cofundadora da Comunidade de Aliança Mãe da Ternura e voluntária num Centro de Atendimento e Aconselhamento para Mulheres ( Montgomery County Counselling and Carreer Center), em Washington, nos Estados Unidos.
Atualmente, é psicóloga da Escola Internacional Everest, do Lar Antônia e da Congregação dos Seminaristas Redentoristas, todos com sede em Curitiba (PR), cidade onde reside.
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