Francisco leva mensagem de «reconciliação, perdão e paz» para viagem centrada no diálogo entre religiões
O Papa Francisco começou hoje uma visita de quatro dias ao Bangladesh, país que em 2018 assinala 500 anos de evangelização começada por missionários portugueses.
O avião que transportou a comitiva papal desde Mianmar aterrou em Daca pelas 15h00 locais, menos uma em Lisboa.
O Papa foi recebido pelo chefe de Estado, Abdul Hamid, e por duas crianças em trajes tradicionais que lhe ofereceram flores e um vaso de terra.
A cerimónia oficial de boas-vindas contou com a presença de autoridades políticas e civis, 10 bispos e um grupo de fiéis, informa a sala de imprensa da Santa Sé.
A visita prosseguiu no Memorial Nacional aos Mártires, em Savar, onde Francisco depositou uma coroa de flores, e no ‘Bangabandhu Memorial Museum’, com uma homenagem ao “Pai da Pátria”, xeque Mujibur Rahman, na presença de alguns dos seus familiares.
O Papa realizou depois uma visita de cortesia ao presidente da República do Bangladesh, Abdul Hamid.
Francisco foi acolhido pelo secretário militar, que o acompanhou até à entrada de honra do palácio presidencial.
Antes de começar esta viagem à Ásia, que já passou pelo Mianmar, o pontífice enviou uma mensagem de “reconciliação, perdão e paz” ao Bangladesh, nação onde os católicos são 0,24% da população.
As duas nações estão no centro da crise humana que atinge a minoria rohingya, em fuga de Mianmar para o Bangladesh, que já abriga mais de 600 mil integrantes dessa comunidade.
O Papa vai encontrar-se esta sexta-feira no Bangladesh com um grupo de refugiados rohingya, durante um evento inter-religioso pela paz em Daca.
Francisco apresenta-se como “ministro do Evangelho de Jesus Cristo” e revela o desejo de encontrar-se com todos, de modo especial as lideranças religiosas em Ramna.
“Vivemos numa época em que os cristãos e os homens de boa vontade são chamados, em todos os lugares, a promover a compreensão e o respeito recíprocos, a ampararmo-nos uns aos outros como membros da única família humana”, assinala.
João Paulo II fez a primeira viagem apostólica de um Papa ao Bangladesh, em 1986; Paulo VI esteve no aeroporto de Daca, durante cerca de uma hora, em novembro de 1970, para manifestar a sua solidariedade às vítimas de graves inundações provocadas por um ciclone, nas semanas anteriores.
O Cristianismo chegou ao Bangladesh em 1518 pela mão de comerciantes portugueses que se instalaram em Chittagong, tendo este território ficado confiado à Diocese de Cochim e Goa.
Em 1598 chegaram ao país os dois primeiros missionários jesuítas, Franciesco Fernandes e Domingos de Sousa; o primeiro foi torturado e morto a 14 de novembro de 1602.
Em 2001, o então patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, esteve em Daca para a cerimónia de reabertura da igreja do Santo Rosário, construída pelos missionários agostinhos em 1677.
A primeira catedral instituída no Bangladesh acolhe as lápides dos missionários portugueses.
No Bangladesh, o Papa Francisco vai visitar o memorial nacional aos mártires de Savar, falando a autoridades políticas e religiosas.
O programa inclui um momento inter-religioso de oração pela paz.
Fonte: Agência Ecclesia
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