3ª Semana da Quaresma | Rever a nossa vida baptismal e a melhorá-la em profundidade

No terceiro Domingo da Quaresma vamos meditar no Evangelho de João 4, 5-42 – Fonte da água que jorra para a vida eterna.

Jesus vai contra-corrente: da Judeia sobe para Norte através duma região evitada pelos judeus, porque era tradicionalmente hostil; e o encontro com a samaritana, começado com uma banal situação de repouso ( um homem cansado junto de um poço ), transforma-se numa entusiasta profissão de fé unânime em Cristo; do encontro momentâneo com um desconhecido até à permanência de Jesus na comunidade dos novos crentes.

De descoberta em descoberta, são três os temas condutores deste texto evangélico:

1) O dom da água viva. Não é a história de Israel (o “poço” de Jacob: cf. Vv. 5-6) nem a Lei (a “bilha posta de lado”: cf. v. 28) que dão a vida eterna, mas a pessoa de Cristo e a efusão do Espírito (cf. Vv. 13-14).

2) A adoração autêntica do Pai. A partir da materialidade do “lugar” sacralizado (cf. Vv. 20-21), o crente é chamado a elevar-se à “adoração em espírito e verdade”. (Cf. Vv. 21-24) Jesus não condena o culto exterior, mas ensina a interiorizá-lo: o “espírito” é o princípio de uma oração viva, alimentada pela “verdade” que é o próprio Cristo.

3) A universalidade da salvação. O alimento de Jesus é “fazer a vontade do Pai”, vontade de salvação (cf. Vv. 34-38). A fé espontânea destes vizinhos incómodos que são os samaritanos, abertos a uma salvação que não é apenas a de um povo, mas do “mundo” inteiro (cf. vv. 39-42), anuncia a fé “ à distância” dos pagãos, que acreditarão sem precisarem de ver (temos o exemplo disso no funcionário real: cf. Jo 4,46-53).

Vejamos agora a visão de conjunto desta 3ª Semana da Quaresma:

Passemos esta semana a rever a nossa vida baptismal e a melhorá-la em profundidade.

Dia à escolha: Nas dificuldades dos nossos desertos pessoais, familiares, comunitários na sede de vida mais humana e mais espiritual, bebamos no poço profundo do Evangelho e do Coração amigo de Cristo.

2a feira: Tenhamos sentimentos de humildade e de amor para com Deus e para com os outros; enraizemo-los e valorizemo-los nos sacramentos e façamo-los produzir frutos de vida cristã.

3a feira: O que agrada a Deus não é o sangue dos animais, nem as coisas materiais que lhe possamos oferecer, mas sim o nosso coração cheio de amor por Ele e de perdão para com os outros.

4a feira: Vejamos em Deus um Pai; na Sua lei, um caminho de amor, para Lhe mostrarmos a nossa gratidão de filhos; no Seu Filho, o Messias que, por amor, morreu por nós e pela nossa salvação.

5a feira: Fidelidade humana é dizer SIM a alguém e com ele o viver cada dia. Fidelidade espiritual é descobrir em Deus um Pai, a quem nos ligamos para a vida e para a morte, certos que não seremos abandonados, nem desiludidos.

6a feira: Amar a Deus e ao próximo é o que Ele mais aprecia em nós. A melhor prova do nosso amor a Deus, será o nosso amor total e sem reservas a toda a gente.

Sábado: Ter grandes ambições na vida é bem humano. Enganar-se faz parte das nossas limitações. Mas continuar voluntariamente no erro é orgulho desastroso. Aceitar as realidades nuas e cruas da vida é prova de bom senso, que cai bem no coração dos homens bem formados e abre totalmente o Coração de Deus.